Kauã teve três costelas, dentes e crânio quebrados, diz testemunha

Primeiro a ser interrogado no julgamento do caso foi o chefe de operações da Delegacia dos Crimes contra a Criança e o Adolescente

Foto: Tatianne Brandão


A primeira testemunha a ser ouvida no julgamento do caso Kauã Acioli, que ocorre nesta terça-feira (25), disse acreditar que o menino deve ter sido agredido com bastante violência antes de morrer. E citou que o exame cadavérico feito no corpo comprovou que a criança apresentava três costelas e a arcada dentária superior quebradas, além de trauma no crânio.

 

O chefe de operações da Delegacia dos Crimes contra a Criança e o Adolescente, agente Allan Walber, informou que a equipe tomou conhecimento do episódio pelas redes sociais e, mesmo assim, iniciou as investigações.

 

 

Após a oitiva de testemunhas e dos suspeitos, ele disse que a Polícia Civil concluiu que o crime foi praticado por um motivo fútil: o garoto pegou o controle da televisão e irritou Fernando Henrique da Andrade Olegário, que senta no banco dos réus.

 

“Eu fui ao local onde eles disseram que a criança tinha desaparecido. Lá, estava o casal dando entrevista, e eu o convidei para ir à delegacia. Aproveitei e solicitei imagens das câmeras de segurança dos locais onde a criança poderia ter passado. Fui até a loja onde eles afirmaram estar olhando roupa para a criança e, ao lado, tinha uma avícola com câmera que apontava para o ponto de ônibus. Solicitei as imagens ao proprietário. São duas horas de imagens e verifiquei que a história que eles contaram em depoimento não condizia com a realidade”, detalhou o policial.

 

Ele acrescentou que, pelas imagens, em nenhum momento o casal desceu no ponto ali e não demonstrava preocupação na busca de uma criança. Comerciantes também não viram essa busca.

 

“Percebi que havia algo estranho pela frieza deles, já que não demonstravam angústia. Em depoimento, inclusive, houve contradição entre eles. Quando fomos até a casa dele para um novo depoimento, chegando lá eles estavam juntos e, no caminho, eles não tinham como sustentar a história e começaram a verbalizar o que aconteceu. No primeiro momento, ele disse que a criança tinha pego o controle da televisão, e ele empurrou e a criança bateu a cabeça. Em outra ocasião, ele disse que se irritou com a criança, a agrediu e a criança bateu a cabeça, começando a convulsionar”, relata.

 

No interrogatório, o policial disse que o réu sustentou que a criança bateu com a cabeça na parede e, ao perceber que o menino teve uma crise de convulsão, tentou fazer manobra cardíaca, mas sem sucesso. “Ele informou que viram o menino sem vida e os dois decidiram enrolar a criança em um pano, pegaram um ônibus e desovaram o corpo. A adolescente que acompanhava o réu disse que ficou na pista enquanto ele entrou no matagal para deixar o corpo”.

 

 

 

O agente disse que a investigação apontou que o réu já havia agredido Kauã em outras oportunidades, mesmo sem efeito de entorpecentes. Segundo ele, a motivação do crime foi apenas a questão de a criança ter pego o controle de televisão.

 

O promotor questionou se o réu teria ameaçado a companheira para contar essa versão do desaparecimento. “Ela disse em depoimento que contou essa versão porque tinha medo dele. A mãe biológica disse que também recebeu ligações com ameaças para tirar as fotos das redes sociais e não procurar a polícia”.

 

O júri popular do acusado de matar o menino Márcio Kauã Ferreira Acioli acontece nesta terça-feira (25), na 9ª Vara Criminal, no Fórum da Capital. O magistrado que preside, juiz Geraldo Amorim, informou que a conclusão dos trabalhos está prevista para 19h.

 

Fernando Henrique da Andrade Olegário é julgado por homicídio qualificado, comunicação falsa de crime e fraude processual.